segunda-feira, 25 de agosto de 2008

QUE MANGAS COMENTADAS!!!

Gente, descobri - melhor tarde do que nunca! -, que todo brasileiro tem ao menos uma mangueira em seu coração/memória e muitas mangas na boca!!!
Adorei todos os comentários, de repente, todos mostraram um lado que eu não conhecia mesmo, entrei em uma nova dimensão de todos vocês, que louco, que lindo!
Me lembrei também das goiabas de Nhô Lau das leituras dos meus filhotes!
Ademais, entendi também que, quando eu andar carente de comentários, é só escrever sobre uma instituição brasileira - não estou falando de Instituições mas sim de instituições, de cultura popular e cotidiana mesmo. Ou seja, ainda vou escrever sobre o abraço -hoje e apesar de ter nascido e me criado em uma terra desabraçada, não consigo entender como é que se pode sobreviver sem abraço!!!-, sobre o brigadeiro -este, não vou mentir, dispenso, junto com quase todos os doces da criação, mas entendi há muito tempo que aniversário brasileiro rima com ao menos alguns brigadeiros!!!- e sobre muitas outras coisas que eu não sei ainda!
Voltando às mangas, agradeço desde já suas doações, Raquel, quando o verão chegar!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

AS MANGUEIRAS ESTÃO FLORIDAS!!!

Gente, esses dias vale a pena mesmo virar a cara e os olhos para o alto: as mangueiras da cidade estão floridas!!!

Mangueira já é uma árvore impressionante de linda, mas florida então é um arraso de beleza!!! Você sabia que no Japão, até hoje, a floração das cerejeiras é um dos grandes eventos do ano, simboliza a chegada da primavera, e todos vão aos parques para admirar as cerejeiras em flores! Bem que podíamos fazer isso com as mangueiras, o que acha?

Sou apaixonada por mangueiras em toda época, aliás, gosto de todas as árvores frondosas e a mangueira é uma das mais charmosas.

Gosto muito também de ver a mistura de texturas e cores de suas folhas: as mais velhas são mais grossas e duras e de um verde profundo, ao passo que as folhas novinhas são mais finas, brilhantes -parece que foram envernizadas- e variam do vermelho e do rosa para o verde claro, é uma delicía para os olhos e um contentamento para a alma!
Acho também uma das árvores mais generosas que há: no verão, é manga que não acaba mais! Minha predileta é a espada, apesar dos fiapos que afastam muita gente, o sabor é insuperável!

Enfim, era isso, as mangueiras estão floridas, veja, delicie-se!!!

E para quem quiser ver mais na internet, é bom lançar o nome científico "mangifera indica", sim, a mangueira veio da Índia, bem como muitas outras árvores que identificamos como típicas brasileiras, o coqueiro, a jaqueira, etc.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

COLÓQUIO PRAZER DO TEXTO

OU O EXCESSO, E O PODER, DAS PALAVRAS
Acabou a maratona! É legal, é, nos permite conhecer, ou conhecer melhor, alguns professores e entrar em contato com algumas obras, é, mas é uma maratona!
Não sei se “O Prazer do Texto” é vivido assim por outros participantes, mas, para mim, foi uma maratona: duas palestras de manhã mais duas de tarde, abordando as obras mais variadas...
Parece “A volta ao mundo em 85 dias”, e como visitamos 4 países por dia, em 5 dias, foram quase 20 países! Digo “países” mais para respeitar a analogia com o livro, pois o que sinto é que são mundos, mundos diferentes! E tem mais: é o mundo do autor da obra pintado com as cores do mundo do palestrante, uma vertiginosa multiplicação dos mundos! O popular, em sua pungente sabedoria, bem que o diz “Cada cabeça é um mundo”!
Certas visitas a esses mundos ou países alheios são apaixonantes, outras emocionantes, outras ainda mais para enfadonhas - como não?-, inclusive sem sabermos ao certo se isso tem a ver com a obra ou o apresentador...
Mas o que quero contar mesmo para vocês é que, já no terceiro dia, eu fico com fastio de tantas palavras, enjoada, com estafa, com indigestão intelectual, é palavra demais! Entro em desespero, o sentido esvai-se, sinto-me envolvida e rolada em um grande turbilhão de palavras! E minha sensação é que todas essas palavras têm vontade própria e reproduzem-se loucamente...
Procuro um remédio, um calmante, e não acho nenhum...
Mas sinto saudade...
Sinto saudade de um silêncio repousante...
Sinto saudade dos lacônicos escritos de Heráclito:

“O contrário em tensão é convergente; da divergência dos contrários, a mais bela harmonia.” (Fragmento 8)
“Conjunções: completo e incompleto (convergente e divergente, concórdia e discórdia, e de todas as coisas, um, e, de um, todas as coisas). (Fragmento 10)
As parcas palavras de Heráclito despertam intensamente nossa reflexão, estimulam em nós tanto questionamentos comuns quanto próprios de cada um. Nenhum risco de afogamento em mares de detalhes explicitados, mas que densidade, que profundidade!
Sinto saudade também das enxutas estórias de Nasrudin, o sábio bem humorado do sufismo:

A VERDADE
“O que é a verdade?” perguntou um dos discípulos a Nasrudin.
“Algo que nunca, em nenhum momento, eu falei – nem falarei”.
IDÉIAS FIXAS
“Quantos anos você tem, Mullá?”
“Quarenta.”
“Mas você disse o mesmo a última vez que lhe perguntei, há dois anos atrás!”
“É, eu sempre sustento o que digo.”
Com Nasrudin também, as palavras são poucas mas, se assim nos dispusermos, poderemos, além da primeira impressão humorística - sedutora- das estórias, aprofundar muito nosso pensamento.
Sinto saudade também dos concisos contos tradicionais do mundo todo que, também em tão poucas palavras, já diziam tanto para o intelecto-emoção dos ouvintes... Sou fã de um escritor e contador francês chamado Henri Gougaud que soube reunir belíssimas coletâneas de contos do mundo inteiro e reescrever com maestria todas essas estórias!

Sou também apaixonada por alguns contos do argentino Jorge Luis Borges. Faz tempo que esses livros, volta e meia, estão na minha mesa de cabeceira e suas estórias são de fato companheiras minhas de viagem, de vida!
Enfim, nos ultimíssimos tempos, tenho pensado muito no equilíbrio – sim, a tensão dos contrários do Heráclito-, bem resumido na expressão muito usada por um amigo meu “nem tanto o céu nem tanto a terra”: podemos pensar que, com as palavras também, precisamos ser mais comedidos e procurar portanto viver em alguma ampla região entre a mudez e a tagarelice!

Por fim, não resisto à tentação de deixar registradas as minhas provocações, oriundas deste fastio de palavras.
Somos os mestres das palavras ou seus fantoches? Há harmonia nesta relação?
Será que tem um feitiço das palavras que, envolvendo-o, encantando-o, distrai o homem de seus alvos, o faz esquecer para onde ele quer ir? Lembro-me da conservadora de um pequeno museu francês que dizia preferir não colocar nada escrito perto dos objetos expostos no museu pois senão, a tendência geral dos visitantes, inclusive os mirins, era lerem o escrito com toda atenção as explicações, colocadas ali apenas como suporte, e mal olhar para o objeto exposto em si! Não será esse um bom exemplo do feitiço das palavras?!?!...

Ou esta tagarelice nasceu com a escrita, que tornou possível o registro de imensidões de palavras que a oralidade, mesmo com memórias prodigiosas como houve no passado e ainda há, não sustentaria?
Quem muito fala pouco faz. Será que não poderíamos pensar aqui numa harmonia entre o falar –filho do pensar?- e o fazer, de certo modo entre a teoria e a prática? Não para transformar o filósofo em técnico ou artesão, mas para ele também estar imerso no mundo e nas coisas! Por vezes silenciosamente...