sábado, 21 de março de 2009

O LOGOS...

Pois é, não deu outra, a palavra grega aristotélica que é comumente traduzida por "definição" é "logos", uma palavra das mais importantes, não vou aqui desenvolver nenhuma tese comprida, mas não há dúvida, nada a ver com "delimitar"...
Para muitos, a significação de "logos" limita-se à razão, ao racional, mas para alguns outros, o "logos" é como que o grande princípio orientador de todas as coisas do mundo, de tudo o que existe, a "arché" da "physis", este princípio que era buscado pelos pensadores gregos dos séculos VII e VI a.c... Confesso que, para mim, às vezes fica claro e outras vezes fica bem obscuro mesmo...
Interessante, até mesmo instigante, é observar como a palavra "definido" que, ao nascer, quer dizer "delimitado" vai aos poucos, insensivelmente, mudando de sentido, para chegar a encerrar o sentido de "exato" e/ou "preciso"...
Às vezes, penso que temos palavras demais, que é como se uma única e mesma língua tivesse virado uma pequena Babel pois afinal, tantas origens, tantas misturas, tantas influências, tantos acréscimos acabam criando inúmeros pares de palavras com o mesmíssimo sentido mas caras diferentes, como "transformação", que veio do latim, e "metamorfose" que veio do grego, que ambas querem dizer "mudança de forma", este é um entre milhares de exemplos... Ao lado disso, muitas palavras gregas eram "apenas" flexões verbais ou nominais, mas em português, ou em francês, elas viraram palavras de verdade, ou então passaram a ser introduzidas por preposições, um bocado de palavrinhas intermediárias, ou seja, a língua foi inchando, inchando, bem diferente da cara compacta, enxuta da língua grega. Ia escrever "concentrada" mas esta é outra palavra que foi mudando, e muito, de sentido: na origem, ela nos fala de centro e de ligação com este centro, e, quando olhamos hoje, a palavra também e na maioria das vezes, quer dizer "de alto teor", "de alta densidade"...
Estudando outro dia um texto de Lucrécio, que foi um epicurista romano do século I a.c., surpreendi-me com um comentário do mesmo dizendo que o latim não tinha palavras para falar de coisas abstratas, conceitos, e bebeu muito às fontes gregas para suprir isso que era sentido como uma carência, interessante, não?
Bem, cansei de pensar...

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