quinta-feira, 19 de março de 2009

PENSANDO NA DEFINIÇÃO

Este devaneio será apenas um começo de uma reflexão.
"De-fini-ção", "de-termina-ção" são palavras que inicialmente expressaram a vontade de fixar o fim, o término, ou seja, os limites das coisas, e das palavras correspondentes.

Segundo o dicionário francês Le Petit Robert, o Robertinho para os íntimos, a palavra "définir" aparece por volta de 1100 e vem do latim "definire"
Pretendo em seguida pesquisar, com a ajuda de Aristóteles, qual palavra grega antiga é normalmente traduzida por "definição", mas, lembrando vagamente algum estudo da Metafísica, aposto, desde já, que mesmo em Aristóteles, esta palavra grega antiga nada tem de limites, lembro-me de algo como "o que se fala sobre", o que seria bastante distante de "definir"...

Mas enfim, o que as palavras "definir", "determinar" me evocam seria que, ao tentar enxergar e fixar os limites, a extensão, de uma coisa e da uma palavra correspondente, neste mesmo e exato movimento, aprisionamos tanto esta coisa quanto esta palavra, as engaiolamos, as congelamos, as petrificamos, as matamos de certo modo... Loucura minha este pensamento?...

Mas a língua é viva. Quem tem um mínimo de carinho com a língua sabe o quanto ela muda, o quanto ela pode ser séria e brincalhona, o quanto ela diz umas coisas e cala outras, enfim, viva, ela é viva.

E será que não é loucura querer encaixotá-la em dicionários e gramáticas? Será que não é fazer de conta que ela não muda a cada instante, em cada lugar, a cada fala, ela se reinventa, como o mundo? Será que dicionários e gramáticas não são de certo modo os caixões deste vigor da língua?

Volto em breve para contar da palavra grega antiga que foi posterior e geralmente traduzida por "definição"...
Assinado: A coruja louca

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